Entenda o que a NBR 17076 da ABNT muda para o sistema biodigestor.
Com o crescimento da conscientização ambiental e a busca por soluções sustentáveis, o biodigestor tem ganhado destaque como uma alternativa eficiente no tratamento de esgoto doméstico.
O sistema não apenas contribui para o tratamento de água e esgoto em áreas rurais, mas também oferece uma solução econômica e acessível para comunidades não atendidas por redes de esgotamento sanitário, como em condomínios, bairros mais afastados ou mesmo alguns pequenos municípios que não possuem sistema de coleta e tratamento de esgoto.
Além de tratar os resíduos de forma segura, o biodigestor tem um impacto positivo na qualidade de vida e na conservação ambiental.
Neste cenário, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a NBR 17076, que atualiza e substitui normas antigas sobre sistemas de tratamento de esgoto de pequeno porte e possibilita que novos desenvolvimentos sejam produzidos e avaliados de forma mais padronizada.
Neste artigo, vamos detalhar as principais mudanças da nova norma e seus impactos no sistema biodigestor, no mercado, nos fabricantes de biodigestores e nos consumidores que buscam soluções adequadas e eficientes.
O que muda com a NBR 17076 da ABNT em relação às antigas NBR 7229 e 13969?
A NBR 17076 – Projeto de sistema de tratamento de esgoto de menor porte, da ABNT, que entrou em vigor em 26 de abril de 2024, trouxe atualizações significativas para o sistema de instalação de tratamento de esgoto e veio para substituir as normas NBR 7229 – Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos, de 1993, e NBR 13969 – Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação, de 1997.
A nova norma, que é aplicável a sistemas de tratamento de esgoto com vazão diário de até 12 mil litros/dia e matéria orgânica de até 3,80 kg DBO/dia, estabelece requisitos e diretrizes para o dimensionamento, instalação, operação e manutenção de sistemas de tratamento de esgoto de menor porte em áreas não atendidas por sistema de esgotamento sanitário.
Além disso, a nova norma apresenta um esquema representativo do sistema de tratamento de esgoto, além de exemplos de tecnologias e soluções que podem ser adotadas em cada etapa do processo.
Nesse sentido, a nova NBR amplia as possibilidades de utilização de tecnologias como biodigestores e reatores aeróbios compartimentados, introduzindo classificações mais detalhadas, como equipamentos compactos de tratamento (ECTE) e módulos de tratamento (MTEC), o que contribui com o destaque de soluções sustentáveis.
Em resumo, a NBR 17076 promove o uso de tecnologias mais modernas e adaptadas às realidades locais, como sistemas compactos e pré-fabricados, os quais simplificam a instalação e manutenção.
Além do mais, a norma prioriza a eficiência e a viabilidade econômica, permitindo a adoção de métodos inovadores, como radiação ultravioleta e ozonização para desinfecção, ampliando as possibilidades no setor, além de normatizar novas soluções de tratamento, como wetlands, vermifiltro e tranque de evapotranspiração.
Essas mudanças facilitam a aplicação de soluções de engenharia mais eficientes e sustentáveis, promovendo avanços tecnológicos que podem beneficiar comunidades isoladas e reduzir o impacto ambiental dos sistemas tradicionais.
Qual o impacto da nova norma em fabricantes de biodigestores?
Tanto a NBR 7229 quanto a NBR 13969 eram normas muito antigas e, por isso, havia grande expectativa de empresas comprometidas com seus clientes e dos profissionais do setor com relação à sua atualização.
Isso porque as antigas NBRs não contemplavam muitas soluções de pequena escala que têm sido bem disseminadas nos últimos anos.
Vale ressaltar que alguns fabricantes insistam em dizer que os biodigestores têm um sistema que combina tanque séptico e filtro anaeróbio dentro de um mesmo sistema, mas isso não é uma verdade do ponto de vista técnico.
Isso visto que os biodigestores ou fossas biodigestoras são sistemas diferentes, com um fluxo hidráulico diferente, dimensionamento diferente e características próprias e é por esse motivo que antes não seguiam nenhuma norma em específico.
Com a inclusão de novas tecnologias da NBR 17076, a nova norma pode ser considerada um importante instrumento de profissionalização dos projetos de sistemas de tratamento de esgoto em pequena escala, já que estabelece metodologias padronizadas de ateste de eficiência desses sistemas.
Isso é importante porque na falta de um processo definido, todos fabricantes atualmente fazem suas análises de forma particular, sem um critério claro e o resultado é um mercado desconfiado, repleto de “soluções” milagrosas que prometem eficiências incríveis em sistemas anaeróbios.
Agora as empresas terão que autodeclarar a eficiência de seus produtos e deverá atestar isso com uma metodologia predefinida.
Afinal, muitas empresas que fabricam biodigestores não possuem desenvolvimento próprio, apenas copiam projetos visando lucro, oferecendo produtos por um baixo custo, com baixa qualidade e sem se preocuparem com a performance de seus produtos depois de instalados.
Como resultado, essas empresas oferecem sistemas que não cumprem devidamente com seu papel, contribuindo com o risco de proliferação de doenças, contaminação do solo e do lençol freático
Vale ressaltar que existem empresas sérias. Empresas que pesquisam e desenvolvem novos produtos, fique atento a quais empresas estão buscando se adequar as normas, seguindo todos os padrões de qualidade exigidos.
O que levar em consideração ao escolher um biodigestor?
Escolher um biodigestor adequado requer atenção a diversos fatores. A primeira etapa é realizar uma pesquisa aprofundada sobre os produtos e fabricantes disponíveis no mercado.
Além disso, uma dica nossa é conferir se o biodigestor atende às normas vigentes, especialmente à NBR 17076, além de alguns pontos específicos a serem analisados, sendo eles:
- Dimensionamento: verifique se o sistema é adequado à demanda da sua propriedade, considerando o número de usuários e o volume de esgoto gerado.
- Materiais: observe se o produto utiliza materiais de qualidade, como polietileno de alta densidade, que garante resistência e estanqueidade.
- Facilidade de instalação: escolha sistemas que não exijam mão de obra especializada e que possam ser implementados com rapidez e segurança.
- Flexibilidade: avalie se o sistema permite a integração com tecnologias complementares, como filtros adicionais ou sistemas de desinfecção.
- Credibilidade do fabricante: pesquise sobre a reputação da empresa, incluindo serviço de atendimento ao cliente, suporte técnico e compromisso com a sustentabilidade.
Além disso, leve em conta as especificidades do local de instalação, como tipo de solo, profundidade do lençol freático e legislação ambiental local. Ao fazer isso, você garantirá que o sistema seja eficiente e atenda às exigências legais.
Biodigestor e NBR 17076: um passo à frente no saneamento sustentável
A NBR 17076 marca um avanço significativo para o setor de saneamento no Brasil, especialmente no que diz respeito aos biodigestores e outras soluções de pequeno porte.
Com normas mais modernas e abrangentes, ela promove o uso de tecnologias sustentáveis, incentiva a padronização de processos e eleva a qualidade dos sistemas disponíveis no mercado.
FAQ
O que é a NBR 17076 e como ela afeta os biodigestores?
A NBR 17076 é uma norma da ABNT que entrou em vigor em abril de 2024, estabelecendo diretrizes para o dimensionamento, instalação, operação e manutenção de sistemas de tratamento de esgoto de menor porte. Ela substitui as antigas NBR 7229 e 13969 e introduz critérios modernos e atualizados, contemplando tecnologias como biodigestores e reatores compactos. Isso melhora a confiabilidade e eficiência dos sistemas, além de garantir que fabricantes sigam padrões rigorosos de desempenho.
O que levar em consideração ao escolher um biodigestor?
Ao escolher um biodigestor, avalie se está em conformidade com normas e se o modelo atende à NBR 17076. Verifique a qualidade do fabricante, a reputação da empresa, o suporte técnico e a inovação em seus produtos. Não menos importantes, verifique a resistência, durabilidade e compatibilidade com o local, considerando o tipo de solo, disponibilidade de espaço e requisitos legais para disposição do efluente tratado.
Quais são os principais benefícios dos biodigestores?
Os biodigestores trazem diversos benefícios, incluindo sustentabilidade, ao tratar o esgoto de forma eficiente, preservando o solo e o lençol freático. Têm baixo custo operacional, pois não requerem energia elétrica nem produtos químicos. Podem ser adaptados para diferentes condições de solo e necessidades locais e possuem facilidade de instalação e manutenção, afinal são projetados para serem simples de instalar, com necessidade mínima de mão de obra especializada.