Desinfecção da água: uso do cloro e outros métodos

A desinfecção da água é um processo essencial para garantir que a água potável esteja livre de microrganismos prejudiciais à saúde. Até mesmo a água da nascente precisa passar por esse processo.

Sem essa etapa fundamental do tratamento de água, o consumo de água contaminada poderia causar doenças graves, como diarreias, hepatite A, cólera e febre tifoide. 

Para evitar esses riscos, diferentes técnicas de desinfecção são utilizadas — sendo a cloração a mais comum devido à sua eficácia e custo acessível.

Neste artigo, vamos entender como funciona o método de desinfecção da água com cloro, os outros métodos que podem ser utilizados, seus benefícios e desafios, bem como a importância de um rigoroso controle de qualidade para garantir a segurança hídrica.

O que é desinfecção da água?

A desinfecção da água é um processo essencial no tratamento de água para garantir a eliminação de microrganismos patogênicos

Esse procedimento visa tornar a água potável e segura para o consumo humano, prevenindo doenças como cólera, hepatite A, febre tifoide e outras infecções de veiculação hídrica. 

Sem a devida desinfecção, a água pode ser um meio de propagação de vírus, bactérias e protozoários que podem causar graves problemas de saúde pública.

Segundo dados disponíveis pelo DATASUS 2021, houve quase 130 mil hospitalizações no Brasil em decorrência de doenças de veiculação hídrica. A incidência foi de 6,04 casos por 10 mil habitantes, o que gerou gastos ao país de cerca de R$ 55 milhões.

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A água de uma nascente precisa passar por desinfecção?

Sim, a água de uma nascente pode precisar passar por desinfecção antes do consumo, dependendo da sua qualidade. 

Mesmo que pareça limpa, a água de nascente pode conter microrganismos patogênicos, como bactérias, vírus e protozoários, além de contaminantes químicos provenientes do solo ou de atividades humanas próximas.

Por exemplo:

  • Se houver presença de matéria orgânica: a água pode estar contaminada com fezes de animais ou humanos, o que aumenta o risco de doenças como hepatite A, giardíase e leptospirose.
  • Se não houver controle da área ao redor: se a nascente não estiver protegida, pode sofrer contaminação por escoamento de chuva, lixo ou produtos químicos.
  • Se a análise microbiológica indicar contaminação: é essencial testar a água para detectar coliformes e outros contaminantes antes do consumo.

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Qual é o principal método de desinfecção da água?

O método mais amplamente utilizado para a desinfecção da água é a cloração. Esse processo envolve a adição de cloro ou compostos clorados na água para eliminar bactérias, vírus e outros agentes nocivos. 

A cloração é popular devido à sua eficiência e baixo custo, sendo amplamente utilizada em estações de tratamento de água no Brasil e no mundo.

Existem diferentes formas de aplicação do cloro na água:

  • Gás cloro: altamente eficiente, mas requer manuseio especializado devido à sua toxicidade.
  • Hipoclorito de sódio (NaOCl): utilizado em solução líquida, é uma alternativa prática e segura.
  • Hipoclorito de cálcio (Ca(ClO)2): em forma de pó ou tabletes, muito utilizado em pequenos sistemas e piscinas.
  • Dicloro e tricloroisocianurato: cloraminas utilizadas frequentemente na desinfecção de piscinas.

Por que o cloro é o produto mais utilizado na desinfecção da água?

O cloro se destaca por sua ação prolongada na água, garantindo que a desinfecção continue ao longo do tempo. Além disso, existem outros benefícios:

  • Eficiência contra patógenos: o cloro elimina uma grande variedade de microrganismos, incluindo bactérias e vírus.
  • Custo acessível: é uma opção viável para sistemas de abastecimento de grande escala.
  • Facilidade de aplicação: pode ser adicionado na forma de gás, líquido ou sólido.
  • Manutenção do efeito desinfetante: cria um residual clorado que impede a recontaminação.

Outros métodos de desinfecção da água

Embora a cloração seja amplamente utilizada, há outras técnicas eficazes para a desinfecção da água:

  • Ozônio: possui alto poder desinfetante e elimina microrganismos resistentes ao cloro. No entanto, não deixa residual protetor e requer equipamentos específicos.
  • Luz Ultravioleta (UV): Neutraliza bactérias e vírus sem uso de produtos químicos. Não altera o sabor da água, mas também não oferece proteção residual.
  • Filtração Avançada: Membranas de ultrafiltração e osmose reversa removem microrganismos e contaminantes químicos, mas exigem altos custos de instalação e manutenção.

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Por que é importante o produto deixar um residual na desinfecção da água?

Deixar um residual na desinfecção da água é essencial para garantir a qualidade microbiológica da água ao longo do tempo. O residual desinfetante, geralmente de cloro ou outro agente químico, serve para:

  • Prevenção de recontaminação: mesmo após a desinfecção inicial, a água pode ser exposta a novas contaminações durante o armazenamento e distribuição. O residual mantém a proteção ativa.
  • Manutenção da potabilidade: um nível mínimo de desinfetante residual ajuda a assegurar que a água continua própria para consumo até o momento do uso.
  • Controle de biofilmes e microrganismos: o residual impede o crescimento de bactérias, algas e outros organismos que podem se desenvolver nas tubulações e reservatórios.
  • Eficiência no sistema de distribuição: em redes de abastecimento, a presença de residual desinfetante permite que a água chegue segura até os pontos mais distantes do sistema.
  • Atendimento a normas sanitárias: a legislação exige a manutenção de um residual mínimo para garantir a segurança da água destinada ao consumo humano e animal.

Quais são as leis que regulamentam a desinfecção de água?

A desinfecção da água é regulamentada por diversas leis e normas que estabelecem padrões de qualidade e segurança para o consumo humano. No Brasil, as principais regulamentações são:

1. Portaria GM/MS nº 888/2021 (Ministério da Saúde)

  • Define os padrões de qualidade da água para consumo humano, incluindo limites para substâncias químicas e microbiológicas.
  • Estabelece que o cloro residual livre deve estar entre 0,2 mg/L e 2 mg/L na rede de distribuição.
  • Obriga sistemas públicos e privados de abastecimento a realizarem o controle e monitoramento da água.

2. Resolução CONAMA nº 357/2005 (Conselho Nacional do Meio Ambiente)

  • Define a classificação dos corpos d’água e seus usos, determinando limites de contaminantes.
  • Regula a qualidade da água para abastecimento público, recreação e preservação ambiental.

3. Decreto nº 5.440/2005

  • Regulamenta a divulgação da qualidade da água pelos prestadores de serviço público de abastecimento.
  • Obriga a emissão do relatório anual de qualidade da água para a população

4. Norma ABNT NBR 15784:2009

  • Estabelece diretrizes para desinfecção de águas e efluentes com cloro e seus compostos.
  • Especifica padrões técnicos para o uso seguro de cloradores e sistemas de tratamento.

A importância de um controle de qualidade da água e como fazer

Manter a qualidade da água é essencial para evitar riscos à saúde. O controle do cloro residual garante que a água continue protegida até seu consumo. Para assegurar essa segurança, é necessário:

  1. Monitoramento constante: análises periódicas verificam a presença de cloro residual e outros parâmetros.
  2. Uso de kits de medição: testes rápidos indicam se o teor de cloro está adequado (entre 0,2 mg/L e 2 mg/L).
  3. Manutenção das instalações: evita contaminações secundárias nos sistemas de distribuição.

Como vimos, o cloro é fundamental no processo de desinfecção da água no Brasil, pois é um produto com o melhor custo-benefício para a segurança hídrica.

No próximo post, entenda o que é e como funciona uma cisterna para captar e armazenar água da chuva.

Foto de capa: Jens Johnsson

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