Fossa séptica transbordando: e agora?

Ter a fossa séptica transbordando é um problema sério, que pode trazer riscos à saúde, danos ambientais e até prejuízos financeiros se não for tratado com rapidez e cuidado. 

Se você é empreendedor, dono de um pequeno negócio ou mesmo gestor de um sítio, restaurante, pousada ou outro estabelecimento comercial ou residencial que depende de fossa séptica, entender o que leva ao transbordamento e como agir é essencial.

Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que causa esse problema, como identificar os sinais, o que fazer imediatamente e, o mais importante, como evitar que ele volte a acontecer. 

Nosso objetivo é ajudar você a prevenir dores de cabeça e manter o funcionamento adequado do seu sistema de saneamento.

O que causa o transbordamento da fossa séptica?

A fossa séptica transbordando é, na maioria das vezes, o resultado de um desequilíbrio no funcionamento do sistema causado por excesso de carga, falta de manutenção ou falhas de estrutura

É como se fosse um copo cheio demais: chega uma hora em que não cabe mais nada e o conteúdo começa a vazar. O problema, nesse caso, não é apenas a sujeira aparente, mas o risco de contaminação do solo, do lençol freático e até de ambientes internos, se houver retorno de esgoto. Isso sem falar do risco à saúde das pessoas e animais.

Vamos entender em profundidade as principais causas:

Falta de limpeza periódica (manutenção com a retirada do lodo)

Essa é a causa mais comum. A fossa séptica funciona como um decantador: os resíduos sólidos se depositam no fundo (formando o lodo), enquanto a parte líquida escoa para o filtro anaeróbio e, posteriormente, para o sistema de infiltração como o sumidouro ou sistema complementar.

Com o passar do tempo, o lodo se acumula. Se ele não for removido periodicamente, começa a ocupar o espaço destinado ao tratamento do efluente líquido, diminuindo a capacidade de armazenamento da fossa.

Para a manutenção desse volume útil de tratamento, o projeto de dimensionamento da fossa prevê a periodicidade de limpeza, ou seja, de caminhões limpa-fossa por ano. Em geral, é projetado a limpeza anual, principalmente por uma questão de custo-benefício, quanto maior o intervalo entre limpezas, maior deve ser o sistema de tratamento. 

 Sem a devida manutenção periódica, o sistema perde o volume útil de tratamento e o sistema ineficiente começa a carregar sólidos para os sistemas seguintes, comprometendo então o funcionamento do filtro anaeróbio e colmatando o sistema de infiltração. 

O sistema de infiltração é responsável por fazer a disposição final do efluente tratado. Quando o tratamento não é eficiente, são carregadas partículas sólidas que vão tirando a capacidade de absorção do solo. Quando essa capacidade é ultrapassada, o sistema começa a acumular esgoto e então, transborda.

Uso excessivo de água e erros de dimensionamento

É comum que um imóvel cresça — e a fossa não acompanhe esse crescimento. Uma casa construída para 3 pessoas pode, ao longo do tempo, receber mais moradores, ser ampliada para uma pousada ou transformada em restaurante. Se o sistema de tratamento de esgoto permanece o mesmo, ele não dará conta da nova demanda.

Esse fator crítico está relacionado ao comportamento de uso da água. Um sistema de fossa séptica, filtro anaeróbio e sumidouro ou vala de infiltração devem ser dimensionados conforme norma da ABNT, a NBR 17076 que substituiu as antigas NBR 7229 e 13969.

Apesar da norma e diversas literaturas trazerem uma tabela de geração de esgotos por tipologias de uso, ela primeiro orienta que sejam observadas as condições reais de dados de consumo para que seja feito um dimensionamento mais próximo aos hábitos de consumo do empreendimento. O sistema de tratamento deve prever picos de uso para que possa ter capacidade de absorver a demanda, tratar e destinar de forma segura e eficiente.

Sabe aquela casa de 4 quartos que você pegou no Airbnb e colocou 30 pessoas para curtir o carnaval e aí tiveram problema com a fossa transbordando? Pois é, provavelmente o sistema de tratamento não havia sido dimensionado para este uso.

Infiltração de água da chuva ou aumento do lençol freático

Esse problema é mais comum do que se imagina, especialmente em fossas antigas ou  construídas em alvenaria ou anéis de concreto.

Se a tampa da fossa não estiver bem vedada, ou se ela estiver localizada em um terreno inclinado, próximo a áreas de enxurrada ou em zonas de alagamento, há um sério risco de que a água da chuva entre no sistema. Ou ainda se não foram feitas impermeabilizações, tratamento das juntas, correções de trincas, a água do próprio solo pode infiltrar no sistema e comprometer o seu funcionamento.

Durante períodos de chuvas intensas, essa infiltração pode sobrecarregar rapidamente a fossa, filtro anaeróbio e sistema de infiltração. 

Um exemplo comum são sítios e casas em áreas rurais onde a fossa é construída sem estrutura adequada de drenagem ao redor. 

Ou então áreas litorâneas onde o lençol freático é bastante raso.

Se o sistema de destinação final do efluente tratado não for bem dimensionado e construído, quando chove forte, o sistema pode ficar comprometido, provocando transbordamentos que poderiam ser evitados com o projeto adequado ou com soluções simples e sustentáveis. 

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Problemas estruturais

Outro exemplo são os sistemas rudimentares, onde a fossa é construída sem considerar normas técnicas ou cálculos de dimensionamento.

Nesses casos, o volume de tratamento diário ultrapassa rapidamente a capacidade do tanque séptico, acelerando o acúmulo de lodo e o risco de transbordamento.

Além disso, fissuras na estrutura da fossa, entrada de raízes de árvores e erosão no entorno também comprometem o desempenho do sistema, permitindo vazamentos e, eventualmente, o retorno do esgoto para a superfície. Além das infiltrações que já abordamos neste texto anteriormente.

Sinais de alerta de fossa transbordando

Nem sempre o transbordamento da fossa ocorre de forma abrupta. Muitas vezes, há sinais de alerta que indicam que o sistema está prestes a colapsar:

  • Mau cheiro constante nas proximidades da fossa ou nas saídas de esgoto.
  • Grama muito verde e úmida acima do local da fossa, indicando que há vazamento ou infiltração.
  • Retorno de esgoto nos ralos, vasos sanitários ou pias.
  • Descarga das bacias sanitárias com dificuldade de escoamento
  • Presença de insetos, moscas ou animais atraídos pelo esgoto.
  • Poças ou solo encharcado mesmo em períodos de seca.

Identificar esses sinais com antecedência é a melhor forma de agir antes que o problema se torne mais grave e gere contaminação.

Medidas de contenção emergencial de fossa séptica transbordando

Se você já se deparou com a fossa séptica transbordando, o mais importante é agir rapidamente para minimizar os danos. Confira algumas medidas emergenciais que podem ajudar:

  1. Isolar a área afetada: evite o contato direto de pessoas ou animais com a área contaminada. Use placas de aviso, barreiras e sinalização.
  2. Reduzir imediatamente o consumo de água no imóvel: suspenda o uso de máquinas de lavar, diminua o número de descargas e reduza banhos longos. Menos água significa menos pressão sobre a fossa.
  3. Acionar uma empresa de limpeza de fossa: o serviço de esgotamento deve ser feito por profissionais que possuem equipamento adequado para remover o lodo e o efluente líquido de maneira segura e ambientalmente correta.
  4. Evitar soluções improvisadas: não gaste com produtos ou bactérias mágicas que prometem sumir com o problema.

Essas ações são paliativas, mas fundamentais para conter o problema até que uma solução definitiva seja aplicada.

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A importância da manutenção periódica da fossa séptica

Um dos erros mais comuns entre quem administra imóveis com sistema de fossa séptica é acreditar que ela funciona sozinha, sem necessidade de manutenção. Na prática, a fossa séptica transbordando quase sempre é um reflexo direto da falta de manutenção.

A recomendação técnica é realizar a limpeza da fossa conforme o período considerado em projeto, em geral a cada 1 ano. Em locais com alto fluxo de pessoas, como restaurantes, pousadas, condomínios e pequenas indústrias, esse intervalo pode ser menor.

Além da limpeza, é importante:

  • Fazer inspeções visuais periódicas na tampa, respiros e área ao redor da fossa.
  • Verificar se o filtro anaeróbio está funcionando corretamente.
  • Garantir que não há rachaduras, infiltrações ou entrada de raízes que possam danificar a estrutura.

A manutenção periódica garante uma maior vida útil do sistema de tratamento e evita transtornos com transbordamentos, além de proteger o meio ambiente e a saúde das pessoas e animais que ali frequentam..

Fazer a manutenção preventiva custa muito menos do que lidar com os prejuízos de um transbordamento, sem falar na dor de cabeça.

É muito melhor fazer uma manutenção programada que lidar com uma fossa transbordando no meio de um feriado com a casa cheia de visitas.

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Como evitar o transbordamento da fossa séptica?

Prevenir é sempre a melhor saída. Para evitar que a fossa séptica transbordando vire uma rotina no seu negócio ou residência, algumas práticas simples fazem toda a diferença:

  • Não descarte papel higiênico, absorventes, óleo de cozinha ou restos de comida no vaso sanitário. Esses materiais dificultam o trabalho das bactérias decompositoras e aceleram o entupimento do sistema.
  • Reduza o uso de água de forma consciente: Instale descargas com duplo acionamento, torneiras com arejadores e incentive banhos mais curtos.
  • Use produtos de limpeza biodegradáveis e em menor quantidade. Evite desinfetantes e água sanitária em excesso, pois eles matam as bactérias benéficas do sistema séptico.
  • Tenha um projeto de saneamento adequado para o tamanho e uso do imóvel. Muitas fossas foram projetadas para usos residenciais e acabam sobrecarregadas quando o imóvel passa a receber fluxo comercial ou turístico.
  • Mantenha uma agenda de manutenção programada com empresas especializadas. Isso evita surpresas desagradáveis.

Se você já teve problemas com a fossa séptica transbordando, conte nos comentários como resolveu ou o que aprendeu com a situação. Compartilhar sua experiência pode ajudar outros empreendedores a se prevenirem e encontrarem soluções mais rápidas.

Aproveite, também, para saber se é possível viver desconectado da rede pública de água e esgoto.

Até a próxima!

Ficou com alguma dúvida? Nós podemos te ajudar!

O que acontece se eu não resolver o transbordamento da fossa?

Você pode sofrer com contaminação do solo, mau cheiro, retorno de esgoto para dentro do imóvel e até ser autuado por órgãos ambientais, dependendo da sua região.

Isso é previsto no dimensionamento do projeto de construção da fossa. Em geral, é considerado limpeza anual.

Em geral, esses produtos químicos não resolvem o problema de acúmulo de lodo. Além disso, eles podem prejudicar a ação dos microrganismos que fazem o sistema funcionar.

Apenas empresas especializadas com equipamentos de sucção e transporte de resíduos. O esgoto retirado deve ser descartado de forma ambientalmente correta.

Sim, especialmente se a fossa estiver mal vedada, instalada em locais com acúmulo de água de superfície ou em locais de lençol freático raso.

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