Reúso ou aproveitamento de água: entenda as diferenças e como aplicar em casa

O reúso e aproveitamento de água são  práticas muito importantes quando pensamos em sustentabilidade e economia dentro de casas, empresas e diversos empreendimentos. 

Mais do que uma tendência, tornou-se uma necessidade diante da escassez de recursos hídricos e do aumento da conta de água nas cidades. 

Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que significa reúso e aproveitamento, como cada prática pode ser aplicada no dia a dia, quais são os cuidados necessários e quais sistemas já existem no mercado para tornar essa estratégia simples e segura.

O que é reúso de água

O reúso de água acontece quando a água, após ser utilizada em alguma atividade, passa por um processo de tratamento para poder ser utilizada novamente em outro fim. Essa prática é muito comum em indústrias, comércios e condomínios, mas também pode ser aplicada em residências.

Um exemplo prático é a água utilizada em máquinas de lavar roupa. Depois do ciclo de lavagem, em vez de ser descartada diretamente no esgoto, essa água pode ser tratada com filtros simples e usada novamente para lavar pisos, regar jardins ou até mesmo em descargas sanitárias.

O reúso de água está diretamente ligado à ideia de que, com o tratamento adequado, o mesmo recurso hídrico pode ter várias funções, reduzindo o consumo de água potável.

O que é aproveitamento de água

Já o aproveitamento de água é um processo mais direto, que não necessariamente envolve tratamento. Ele acontece quando utilizamos a água de chuva, por exemplo, armazenando-a em cisternas para uso em atividades que não exigem água potável.

Um caso bastante comum de aproveitamento de água de chuva é instalar calhas no telhado para captar a água. Essa água pode ser direcionada para tanques, cisternas ou reservatórios e utilizada em jardinagem, limpeza de quintais ou até no abastecimento de sistemas de irrigação.

O aproveitamento, portanto, é mais simples que o reúso, pois não exige um processo de filtragem ou purificação tão complexo. É uma solução prática, acessível e cada vez mais popular nas cidades brasileiras.

Claro que é possível tratar a água de chuva para outros fins, mas o tratamento vai depender dos contaminantes presentes na água. É diferente tratar água de chuva em uma região urbana e uma região mais rural pela diferença da poluição atmosférica, por exemplo.

Diferenças entre reúso e aproveitamento de água

Embora muitas vezes usados como sinônimos, reúso e aproveitamento de água não são exatamente a mesma coisa. A principal diferença está na sua origem:

Tipos de água reutilizável e suas aplicações

Você sabia que nem toda água pode ser reaproveitada de forma direta? É preciso entender os tipos de água gerada dentro de cada empreendimento e suas possíveis aplicações.

Os tipos de água são:

• Águas cinzas: são as águas originadas de chuveiros, pias de banheiro e máquinas de lavar. Com tratamento adequado, podem ser usadas em descargas sanitárias, lavagem de pisos e irrigação de áreas verdes.
  
• Águas negras: são as águas provenientes de vasos sanitários e pias de cozinha, com alta carga de matéria orgânica. Essas exigem um tratamento mais avançado e, na maioria dos casos, são destinadas apenas para fins específicos em indústrias ou projetos maiores.
  
• Água de chuva: pode ser captada em telhados, calhas e reservatórios. O ideal é destiná-la para usos não potáveis, como rega de jardins, limpeza de calçadas e até lavagem de veículos.
  
• Água de condensação de ar-condicionado: em muitos prédios comerciais, essa água é canalizada para reservatórios e usada para irrigar áreas verdes ou abastecer torres de resfriamento.
  
• Água de processo:  água usada em atividades industriais, como fabricação, geração de energia, resfriamento de equipamentos ou como ingrediente em produtos, e que não se destina ao consumo humano.
  

Esses exemplos mostram como a gestão inteligente da água pode gerar grande economia sem comprometer a saúde, a qualidade de vida ou processos produtivos.

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Como é o tratamento de águas cinzas e águas negras

O tratamento é um ponto essencial quando falamos em reúso ou aproveitamento de água.

Tratamento de águas cinzas

As águas cinzas podem passar por sistemas de filtragem simples, que removem resíduos maiores, como cabelos e partículas sólidas. 

Em seguida, podem ser direcionadas para caixas de decantação ou filtros biológicos e desinfecção que eliminam microrganismos. Dessa forma, tornam-se seguras para uso em irrigação ou descargas.

Tratamento de águas negras

Já as águas negras exigem sistemas mais robustos, como estações de tratamento compactas que utilizam processos químicos, físicos e biológicos. Normalmente, o tratamento das águas negras é feito em escalas maiores, como em indústrias, hotéis e condomínios.

Normas relevantes

No Brasil, o reúso ou aproveitamento de água é regulamentado por normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e também por legislações estaduais e municipais.

A antiga NBR 13.969/1997, que tratava sobre tanques sépticos, foi cancelada e substituída pela NBR 17.076:2024, que estabelece os requisitos para sistemas de tratamento de esgoto de menor porte, com vazão de até 12.000 L/dia.

Além disso, muitos municípios possuem regulamentações próprias sobre o uso de cisternas, aproveitamento da água da chuva e tratamento de efluentes domésticos.

Para quem deseja implantar um sistema de reúso ou reaproveitamento de água, é essencial consultar a legislação local e, quando aplicável, seguir as diretrizes da NBR 17.076:2024, garantindo conformidade técnica e segurança.

Outra norma que merece ser citada é a ABNT NBR 16.782:2019 – Reúso de água – Diretrizes para o reúso de água não potável

Essa norma estabelece requisitos para:

• Captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água de reúso;
• Qualidade da água para diferentes tipos de reúso não potável (como irrigação paisagística, lavagem de pisos, descargas sanitárias, etc.);
• Critérios de segurança para operação e manutenção.

Além dela, há normas complementares que podem ser aplicadas dependendo do contexto:

• ABNT NBR 15527:2019 – Aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis
• ABNT NBR 12209:2011 – Projeto de estações de tratamento de esgotos sanitários (quando o reúso envolve efluentes tratados)

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Cuidados essenciais para não contaminar o processo de reúso ou aproveitamento

Um dos maiores riscos quando falamos em reúso ou aproveitamento de água é a contaminação cruzada. Por isso, alguns cuidados devem ser tomados:

• Separar adequadamente os sistemas de água potável e não potável para evitar conexões cruzadas.
  
• Garantir que a água utilizada em descargas ou irrigação não entre em contato com pessoas de forma direta.
  
• Manter a limpeza periódica de cisternas, caixas d’água e filtros.
  
• Evitar o armazenamento de água da chuva em locais abertos, onde pode haver proliferação de mosquitos.
  
• Identificação visual de redes e pontos de uso conforme normativas técnicas

Sistemas que ajudam no processo

Hoje já existem no mercado diversos sistemas que facilitam o reúso ou aproveitamento de água, desde soluções simples até estruturas mais sofisticadas.

• Cisternas: feitas de plástico ou concreto, permitem armazenar a água da chuva de forma prática.
  
• Cisternas verticais: feitas em plástico em menores volumes para possibilitar armazenamento de água de chuva sem necessidade de grandes obras ou grandes áreas para reservatórios
  
• Filtros de folhas, Separador de primeiras chuvas, freios de água, sistemas de sucção flexíveis com flutuadores, sistemas de desinfecção. Sistemas para melhoria de qualidade de água de chuva para um aproveitamento mais seguro da água
  
• Reaproveitamento de água da máquina de lavar: alguns encanadores instalam tubulações que direcionam a saída da máquina para caixas de reaproveitamento. Alguns sistemas são programados para desviar a primeira água da lavagem (mais carregada de materiais orgânicos) e reservar as águas de enxágue que são mais limpas
  
• Filtros de areia:construídos com areia, carvão ativado e brita, ajudando na filtragem de águas menos contaminadas como as águas cinzas, por exemplo.
  
• SbNs que possibilitam o efluente tratado de sistemas de tratamento de esgoto para irrigação de jardins e plantas capazes de absorver nutrientes e se desenvolver em solos bastante úmidos.
  
• Estações compactas de tratamento de efluentes: usadas em condomínios e indústrias para tratar grandes volumes de água.
  

Investir nesses sistemas significa reduzir custos na conta de água, valorizar o imóvel, contribuir para a preservação ambiental e, principalmente, cuidar da saúde das pessoas.

Conclusão

O reúso e aproveitamento de água é muito mais do que práticas sustentáveis: são estratégias inteligentes para quem busca economia, responsabilidade ambiental e resiliência hídrica. Seja por meio de soluções simples, como cisternas caseiras, ou sistemas mais sofisticados de tratamento, cada gota reaproveitada faz diferença.

O mais importante é começar — seja em uma pequena adaptação na máquina de lavar ou no investimento em uma cisterna. O impacto positivo para o meio ambiente e para o bolso é imediato.

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